"O AMOR SALVA, JÁ O ÓDIO...". Lucas 9.49-56

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Quando tomamos a decisão de amar, matamos progressivamente o ódio que é nativo em nosso coração.

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Grande ideia: Quando tomamos a decisão de amar, matamos progressivamente o ódio que é nativo em nosso coração.
Estrutura: O ódio isola irmãos por estarem em lugares diferentes (vv. 49-50) e revela o coração ao deixar sair o mal que há nele (vv. 51-56).
Tim Keller:
Não perca tempo perguntando-se se você “ama” o próximo ou não; aja como se o amasse. (…) Quando você se comporta como se tivesse amor por alguém, logo começa a gostar dessa pessoa. Quando faz mal a alguém de quem não gosta, passa a desgostar ainda mais dessa pessoa. Já se, por outro lado, lhe fizer algo bom, verá que a aversão diminui. (…) O ímpio trata bem certas pessoas porque “gosta” delas; o cristão, tentando tratar a todos com bondade, tende a gostar de um número cada vez maior de pessoas no decorrer do tempo-mesmo de pessoas de quem ele não imaginaria que um dia viesse a gostar.
C. S. Lewis argumenta que “os alemães, a princípio, maltrataram os judeus porque os odiavam; depois os odiavam muito mais porque os haviam maltratado”. Outro exemplo (…) é o clássico estudo histórico de Edmund Morgan. Ele mostra que os brancos que colonizaram a Virgínia demonstravam pouca ou nenhuma animosidade em relação aos negros, até que começaram a escravizá-los. A escravidão, a princípio, foi motivada por fins econômicos, mas uma vez colocada em prática, esses brancos começaram a sentir e expressar um crescente desprezo racial pelos negros. Eles não começaram a escravizar os africanos porque os desprezavam, mas passaram a despreza-los porque os escravizaram.
O ódio separa irmãos. (vv. 49-50)
(a) João tem duas falas nesta porção que escolhi: vv. 49, 54. Nelas vemos um comportamento marcado pela intolerância. Faltava aos discípulas uma “alma de criança”.
Charles Spurgeon:
Lucas 9: 47-48 . E Jesus, percebendo o pensamento dos seus corações, tomou uma criança, colocou-a ao lado dele e disse-lhes: Qualquer que receber esta criança em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que me receber, recebe aquele que me enviou; porque aquele é o menor entre todos vocês, o mesmo será grande. A maneira de subir na hierarquia de Cristo é descer. Esteja disposto a fazer a coisa mais mesquinha e você estará crescendo na estima de Cristo. Quando você é ótimo, você é pequeno. Quando você não é nada, então você é ótimo. O Senhor tira de nós as gotas negras de orgulho que nos fazem erguer sobre a nossa dignidade e pensar que devemos ser alguém! Alguém? Deus não o usará tão alto quanto você é alguém; mas quando você não é ninguém, Deus irá magnificá-lo grandemente e usá-lo em sua Igreja.
(b) Ênfase deve ser dada aqui que esse “certo homem” a que João se refere, agia no nome de Jesus. Fato é, que, todavia, muitos usarão o nome de Jesus para o mal.
Mateus 7.22–23 (NAA)
22Muitos, naquele dia, vão me dizer: “Senhor, Senhor, nós não profetizamos em seu nome? E em seu nome não expulsamos demônios? E em seu nome não fizemos muitos milagres?”
23Então lhes direi claramente: “Eu nunca conheci vocês. Afastem-se de mim, vocês que praticam o mal.”
Lucas 21.8 (NAA)
8Jesus respondeu: — Tenham cuidado para não serem enganados. Porque muitos virão em meu nome, dizendo: “Sou eu!” E também: “Chegou a hora!” Porém não vão atrás deles.
Cabe ao discípulo de Jesus ter um discernimento espiritual aguçado para poder identificar essas situações. Mas me parece que o alvo principal dessa passagem é dizer que não podemos impedir pessoas que não fazem parte da nossa tradição (do nosso grupo) de usar o nome de Jesus. Salvo quando declaradamente se utilizam do nome para benefícios próprios.
(c) Por que então proibir (“impedir, obstar, opor-se”) a alguém que segue libertando pessoas em nome de Jesus? Apenas por não “seguir” com eles.
Filipenses 1.15–18 (NAA)
15É verdade que alguns proclamam Cristo por inveja e rivalidade, mas outros o fazem de boa vontade.
16Estes o fazem por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho;
17aqueles, porém, pregam Cristo por interesse pessoal, não de forma sincera, pensando que assim podem aumentar meu sofrimento na prisão.
18Mas que importa? Uma vez que, de uma forma ou de outra, Cristo está sendo pregado, seja com fingimento, seja com sinceridade, também com isto me alegro; sim, sempre me alegrarei.
É irônico o fato de João, que veio a ser conhecido como “o apóstolo do amor”, ter sido aquele a levantar tal objeção (ver nota no v. 54). João descobriu que apenas os testes legítimos do ministério de outra pessoa são a prova da doutrina (1João 4: 1-3; 2João 7-11) e a prova da moral (1João 2: 4-6,29; 3: 4-12; 4: 5,20; cf. Mateus 7: 16). Esse homem teria passado nos dois testes, mas João estava inclinado a rejeitá-lo por causa da filiação de seu grupo. Esse é o erro do sectarismo.
MacArthur, John. Comentário bíblico MacArthur (p. 2765). Thomas Nelson Brasil. Edição do Kindle.
(d) Jesus responde com uma frase incrível: “não proibais; pois quem não é contra vós outros é por vós”.
Marcos 9.38–40 (NAA)
38João disse a Jesus: — Mestre, vimos um homem que expulsava demônios em seu nome, mas nós o proibimos de fazer isso, porque não nos seguia.
39Mas Jesus respondeu: — Não o proíbam, porque não há ninguém que faça milagre em meu nome e, logo a seguir, possa falar mal de mim.
40Pois quem não é contra nós é a favor de nós.
Evangelho de Lucas 7. O segundo anúncio da paixão – Lc 9.43b-45

“Constata-se”, declara Meyer, “que também fora do círculo dos discípulos regulares de Jesus havia pessoas em que sua palavra e suas obras haviam suscitado um poder superior, maravilhoso. Essas fagulhas desprendidas do grupo dos discípulos haviam incendiado, aqui e acolá, fogos isolados do foco central.” – Será que esses focos de incêncio deveriam ser apagados? Era uma questão complexa. Pessoas que não haviam vivido em contato regular com Jesus poderiam fazer uso da fama que conquistavam para difundir equívocos.

A resposta de Jesus é muito magnânima e sublime. Uma pessoa que se reporta ao nome dele não deve ser considerada adversária, mas mesmo em sua posição isolada devemos encará-la como aliada.

(e) Na máxima “quem não é contra nós, é por nós”, Jesus não amplia demais o caminho, ele continuava estreito, mas o olhar dos discípulos estava estreito demais.
Álvaro César Pestana:
Os discípulos de Cristo não precisam tomar "posições" com respeito aos homens; os homens é que precisam tomar uma posição com respeito a Jesus. O sentimento de rivalidade e de competição não é compatível com o caráter de servo que Jesus ensinou aos seus seguidores.
Compare com 11: 23. Não há meio-termo ou neutralidade. Aqui, Cristo deu uma prova da conduta externa que deve ser usada para medir os outros. Em 11: 23, ele deu uma prova de vida interna que deve ser aplicada a si mesmo.
MacArthur, John. Comentário bíblico MacArthur (p. 2765). Thomas Nelson Brasil. Edição do Kindle.
Lucas 11.23 (NAA)
23Quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha.
(f) Fato é que:
É preciso ter verdadeiro conhecimento dos valores e da obra de Jesus para saber quem está conosco e quem não está, é preciso até saber se nós mesmos estamos nesse grupo ou não. A oposição e os falsos profetas viriam a trazer essa necessidade de definição em certos momentos, mas isso deveria ser feito pela reta justiça, e não pela aparência (cf. Jo 7.24). Mas a verdade é que somos muito mais rápidos a excluir do que a acolher, o que acaba influenciando nosso julgamento e até o que entendemos dos ensinamentos de Jesus. Precisamos ser honestos quanto a isso e aprender aquilo que Jesus estava ensinando aos discípulos: Quem não é contra nós, é por nós; e nós devemos ser por eles também. Precisamos uns dos outros.
Gouvêa de Oliveira, Flávio; Gouvêa de Oliveira, Flávio. O Evangelho em Carne e Osso: Uma exposição do evangelho de Lucas para pessoas de corpo e alma (pp. 176-177). Flávio Gouvêa de Oliveira. Edição do Kindle.
2. O ódio revela o coração. (vv. 51-56)
(a) Jesus expressa em sua fisionomia que o seu foco já estava determinado: ir para Jerusalém.
Mattew Henry:
Ele estava totalmente determinado a ir e não seria dissuadido; ele foi diretamente a Jerusalém, porque lá agora estava seu negócio, e ele não foi a outras cidades, nem foi buscar uma bússola, o que se tivesse feito, como costumava fazer, poderia ter evitado passar por Samaria. Ele foi até lá com alegria e coragem, embora soubesse o que deveria acontecer com ele ali. Ele não falhou nem desanimou, mas colocou seu rosto como uma pederneira, sabendo que ele deveria ser não apenas justificado, mas glorificado (Isa. 1. 7), não apenas não atropelado, mas recebido. Como isso deveria nos envergonhar , e nos envergonhar de nosso atraso em fazer e sofrer por Cristo! Recuamos e voltamos nossos rostos para outro caminho de seu serviço, que firmemente colocou seu rosto contra toda oposição, para prosseguirmos com a obra de nossa salvação.
Lucas 9.51 (NVI)
51Aproximando-se o tempo em que seria elevado aos céus, Jesus partiu resolutamente em direção a Jerusalém.
Lucas 9.51 (BKJ 1611)
51E aconteceu que, tendo chegado o tempo para a sua ascensão ele fixou sua face para ir a Jerusalém,
Evangelho de Lucas 1. A falta de hospitalidade dos samaritanos – Lc 9.51–56

Ele iniciou a caminhada para Jerusalém consciente de que não veria mais a Galiléia. Quando Lucas escreve: “Ele firmou ou fortaleceu seu semblante para ir a Jerusalém”, isso expressa sua soberana, destemida, refletida e vigorosa resolução.

Hebreus 12.2 (NAA)
2olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, sem se importar com a vergonha, e agora está sentado à direita do trono de Deus.
(b) Uma equipe enviada por Jesus se responsabilizou em conseguir lugar para pousada de Jesus, e foram mal recebidos pelos samaritanos.

SAMARITANOS Habitantes de Samaria, a região que foi o centro do reino de Israel, rival do reino de Judá. Estava situada ao norte da Judéia. Depois da queda de Samaria, os assírios deportaram boa parte da sua população e, no seu lugar, estabeleceram ali colonos assírios. Assim, se produziu uma mescla de etnias, motivo pelo qual os judeus consideravam os samaritanos ritualmente impuros. Por ocasião da volta do exílio, os samaritanos se opuseram a que os judeus reconstruíssem Jerusalém e o templo e levantaram o seu próprio santuário no monte Gerizim. Por outro lado, não reconheciam outra autoridade doutrinal além dos livros da Lei (o Pentateuco). Por causa de tudo isso, os judeus não aceitaram como legítimo o culto dos samaritanos, que, para eles, eram praticamente pagãos. Negavam-se, portanto, a ter com os samaritanos qualquer espécie de relacionamento ou trato (Jo 4:9).

Revolta das dez tribos de Israel (1Rs 12);
Queda de Samaria (2Rs 17);
Os israelitas despedem as esposas estrangeiras (Esd 10);
Jesus e a mulher samaritana (Jo 4).
(c) O motivo real da má hospitalidade, está exposto por Lucas: “porque o aspecto dele era de quem, decisivamente, ia para Jerusalém”.
(d) A reação dos discípulos (Tiago e João) foi de ira exacerbada.
Tiago 1.19–20 (NAA)
19Vocês sabem estas coisas, meus amados irmãos. Cada um esteja pronto para ouvir, mas seja tardio para falar e tardio para ficar irado.
20Porque a ira humana não produz a justiça de Deus.
Então desejaram mandar fogo do céu sobre eles. “Fogo do céu” era uma referência ao que fez Elias aos soldados do rei Acazias (2 Reis 1.9-16).E assim sentiam que tinham “permissão bíblica” para isso, visto que Elias havia feito e eles estavam com o próprio Cristo, o filho de Deus, como já havia sido declarado.
(e) Jesus repreende ao coração dos discípulos: eles foram repreensíveis, justamente por desconsiderarem qual seria a missão de Jesus: salvar e não destruir almas.
Marcos 10.45 (NAA)
45Pois o próprio Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.
Atos dos Apóstolos 1.8 (NAA)
8Mas vocês receberão poder, ao descer sobre vocês o Espírito Santo, e serão minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até os confins da terra.
Donald Kraybill:
Já vimos o lado resistente de Jesus. Muitas de suas histórias e atos eram formas diretas de resistência. Ele nos ensinou, porém, a não resistir ao mal com omal, mas com o bem. Ele pede que usemos meios não violentos para resistir ao mal- não os violentos. No momento em que sucumbimos à violência, espelhamos o próprio coração do mal. Ironicamente, nos tornamos o que odiamos.
A imagem de um Jesus passivo e fraco- um covarde na cruz- distorce o fato de que o ministério ativo de Jesus desencadeou sua morte. Foi, em primeiro lugar, precisamente por causa de seu amor assertivo que a cruz surgiu. Jesus agiu de forma decisiva e vigorosa, comendo com pecadores, curando no sábado e desafiando líderes religiosos. Jesus confrontou a injustiça. Enfrentar o mal serenamente nem sempre é suave e passivo. Jesus não nos chama a ser pacificadores passivos que meramente preservam o status quo. Sua benção cai sobre os pacificadores ativos.
Mateus 5.9 (NAA)
9— Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Tiago e João. Jesus apelidou esses irmãos de “Boanerges” — filhos do trovão (Marcos 3: 17) —, um título que aparentemente se encaixava neles. Esse foi o segundo pecado de João contra a caridade em um período tão curto (ver nota no v. 49). É interessante observar que, muitos anos depois, o apóstolo João viajaria pela Samaria de novo com Pedro, dessa vez pregando o evangelho nos povoados samaritanos (Atos 8: 25).
MacArthur, John. Comentário bíblico MacArthur (p. 2766). Thomas Nelson Brasil. Edição do Kindle.
Mattew Henry:
Cristo veio, não apenas para salvar as almas dos homens , mas para salvar suas vidas também - testemunhe os muitos milagres que ele operou para a cura de doenças que de outra forma seriam mortais, pelas quais, e milhares de outras instâncias de beneficência, parece que Cristo deseja que seus discípulos façam o bem a todos, com o máximo de seu poder, mas não prejudiquem a ninguém, atraindo homens para sua igreja com as cordas de um homem e os laços de amor, mas não pensem em impelir os homens a ela com um vara de violência ou o flagelo da língua.
3. Outras aplicações:
(a) Temos de aprender a lidar com as diferenças secundárias que envolvem os mais variados grupos denominacionais em nosso meio. Valorizamos nossa tradição Batista, mas não somos os únicos a seguirem a Jesus.
Esquecemos que nenhuma igreja na terra tem o monopólio absoluto da verdade e que outras podem estar corretas nas coisas essenciais, ainda que não concordem conosco. Devemos ser gratos quando o pecado está recebendo a devida oposição, quando o evangelho está sendo pregado e o reino de Satanás está sendo derrubado, embora essa obra não esteja sendo realizada exatamente da maneira como gostaríamos. Temos de procurar acreditar que as pessoas podem ser verdadeiros seguidores de Jesus e, apesar disso, por alguma razão sábia, ser impedidas de ver as coisas espirituais assim como nós as vemos.
Ryle, J. C.. Meditações no Evangelho de Lucas (Meditações nos Evangelhos) (p. 229). Editora Fiel. Edição do Kindle.
1Coríntios 12.12–13 (NAA)
12Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, constituem um só corpo, assim também é com respeito a Cristo.
13Pois, em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um só corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.
(b) A determinação de Jesus em ir para a cruz deveria nos fazer sondar o nosso coração se estamos de fato dispostos a viver um cristianismo que não se rende aos valores mundanos.
Lucas 9.23–24 (NAA)
23Jesus dizia a todos: — Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, dia a dia tome a sua cruz e siga-me.
24Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; e quem perder a vida por minha causa, esse a salvará.
A MENSAGEM:
"Falou também do que os aguardava: “Quem quiser seguir-me tem de aceitar minha liderança. Quem está na garupa não pega na rédea. Eu estou no comando. Não fujam do sofrimento. Abracem-no. Sigam-me, e mostrarei a vocês como agir. Autoajuda não é ajuda, de jeito nenhum. O autossacrifício é o caminho — o meu caminho — para que vocês descubram sua verdadeira identidade. Qual é a vantagem de conquistar tudo que se deseja, mas perder a si mesmo? Se algum de vocês tiver vergonha de mim e do caminho pelo qual os conduzo, o Filho do Homem irá envergonhar-se de vocês quando voltar em sua glória com o Pai e os santos anjos. Entendam que não é pouca coisa. Alguns de vocês aqui verão tudo isto acontecer: verão o Reino de Deus com os próprios olhos”." Sent from Bible Study
(c) O Evangelho de Jesus é uma proposta de vida e não de morte. De redenção e não de aniquilação. De paz na guerra e não guerra na paz. Nosso espírito é buscar o bem.
Tenhamos como um firme princípio em nosso coração o fato de que, não importando quais sejam os erros religiosos das outras pessoas, jamais devemos persegui-las. Se necessário, conversemos e argumentemos com elas, procurando mostrar-lhes o caminho mais excelente. Entretanto, jamais lancemos mão de armas “carnais”, a fim de promover a propagação da verdade. Nunca sejamos tentados, direta ou indiretamente, a perseguir qualquer pessoa tomando como pretexto a glória de Cristo e o bem da Igreja.
Ryle, J. C.. Meditações no Evangelho de Lucas (Meditações nos Evangelhos) (p. 233). Editora Fiel. Edição do Kindle.
Mateus 10.34–35 (NAA)
34— Não pensem que eu vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.
35Pois vim causar divisão entre o homem e o seu pai; entre a filha e a sua mãe e entre a nora e a sua sogra.
2Coríntios 10.4–5 (NAA)
4Porque as armas da nossa luta não são carnais, mas poderosas em Deus, para destruir fortalezas. Destruímos raciocínios falaciosos
5e toda arrogância que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento à obediência de Cristo.
https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/396/o-shalom-de-deus-os-cristaos-e-o-bem-comum
A ênfase no amor ao próximo, com a consequente valorização do altruísmo, do caráter sagrado da vida e da dignidade de todos os tipos de pessoas, levou os primeiros cristãos a se empenharem vivamente na promoção de causas de interesse comum, na correção de males, na defesa dos desprezados e excluídos. O cristianismo fez muito em prol dos escravos, das mulheres e das crianças. Os valores do evangelho resultaram em hospitais e orfanatos, transformaram culturas, incentivaram a criação de leis mais justas. Nem sempre os cristãos e a igreja institucional foram coerentes com esses valores, mas o fato é que a cosmovisão bíblica e a ética judaico-cristã impulsionavam na direção do respeito aos direitos pessoais e coletivos. Há uma infinidade de exemplos que podem ser lembrados ao longo da história. Como tem sido apontado muitas vezes, o avivamento evangélico inglês do século 18 gerou intensa preocupação social. Impelidos por motivações profundamente espirituais, os fiéis lutaram contra o tráfico internacional de escravos, o trabalho infantil nas indústrias, as condições desumanas das prisões e outras causas de grande relevância. As missões católicas e protestantes ao redor do mundo, além da mensagem religiosa, deram grandes contribuições no âmbito da educação, da saúde, do trabalho e da família. Povos inteiros se libertaram do atraso, ignorância e práticas degradantes.
Ilustr.:
https://tuporem.org.br/um-resumo-da-vida-trajetoria-e-pensamento-de-martin-luther-king-e-por-que-ele-e-importante-hoje/
Martin Luther King Jr. nasceu em 15 de janeiro de 1929 em Atlanta, Geórgia, filho de Martin Luther King e Alberta Williams King. Cresceu em uma família cristã rodeada de ministros: seu tataravô, seu avô e seu pai eram pastores batistas.
Vivendo em um Estados Unidos completamente segregado (principalmente na região do Sul onde morava) por força das leis Jim Crow, houve um episódio que marcou muito a sua infância. Quando tinha cerca de seis anos de idade, um garotinho branco precisou romper a amizade que tinha com o pequeno King a pedido de seu pai. Tratava-se de uma amizade de três anos que foi rompida pelo preconceito. Depois que seus pais explicaram o motivo dessa ruptura, King pela primeira vez tomou consciência de que existia um problema racial. Até então, nunca havia se dado conta disso.
Depois desse episódio de discriminação racial, muitos outros se seguiram, o que alimentava ainda mais a frustração e o ressentimento de King, uma vez que isso afetava seu senso de dignidade.
Martin Luther King sempre fazia questão de esclarecer que seu pacifismo não significava resignação ao mal, mas, antes, tratava-se de uma resistência passiva, não violenta. Contudo, em vez de se valer do ódio, tal resistência se valia do amor:
“O pacifismo não é a submissão irrealista ao poder malévolo, como sustenta Niebuhr. É, em vez disso, o enfrentamento corajoso do mal pelo poder do amor, na crença de que é melhor ser objeto do que sujeito da violência, já que este só multiplica a existência da violência e do amargor, enquanto aquele pode desenvolver no oponente um sentimento de vergonha, e assim, produzir uma transformação e uma mudança de disposição.”
Naturalmente, como já mencionado, a inspiração para essa estratégia e para esse modo de vida teve Jesus como fonte primária. Ao explicar o sucesso do boicote aos ônibus em Montgomery, Alabama, disse:
“Foi o Sermão da Montanha, mais que a doutrina da resistência passiva, que inspirou inicialmente os negros de Montgomery a uma ação social grandiosa. Foi Jesus de Nazaré que estimulou os negros a protestarem com a arma criativa do amor. […] A resistência não violenta tinha se tornado a técnica do movimento, enquanto o amor continuava sendo seu ideal moderador. Em outras palavras, Cristo fornecia o espírito e a motivação, enquanto Gandhi fornecia o método”.
Assim, embora King tenha se inspirado em Gandhi, Gandhi fez King olhar para a ética de Jesus com outros olhos, fazendo-o reavaliar sua teologia. Mais do que uma mera filosofia, para King a resistência não violenta encontra seus fundamentos teológicos nos ensinamentos de Jesus no Sermão da Montanha.
Há cristãos conservadores que torcem o nariz ante a menção a Martin Luther King. Isso ocorre devido às inclinações de King ao liberalismo teológico e ao seu ativismo social e político. Particularmente, creio que seja prudente manter algumas reservas, mas não a ponto de obliterar o reconhecimento de sua importância histórica e de seu exímio trabalho como pastor e ativista. Ainda assim, mesmo sabendo das inclinações não ortodoxas de King, é muito importante ter em mente algumas questões.
King também rejeitou a ingênua noção teológica liberal de que o homem é bom por natureza: sendo negro e vivendo em um Sul completamente racista, entendeu que o liberalismo oferecia um falso idealismo e, assim, rejeitou essa antropologia demasiadamente otimista e afirmou a doutrina do pecado. Em um de seus discursos, disse:
“Em cada um de nós há uma guerra em curso. É uma guerra civil. Não importa quem você é, não importa onde mora, há uma guerra civil em curso em sua vida. E toda vez que você se dispõe a ser bom, uma coisa o pressiona, dizendo-lhe para ser mau. Isso está acontecendo agora na sua vida. […] E há momentos em que todos nós sabemos, de alguma forma, que há em nós um Médico e um Monstro. E acabamos tendo de proclamar, juntamente com Ovídio, o poeta romano: ‘Eu vejo e aprovo o melhor, mas sigo o pior’. Acabamos tendo de concordar com Platão quando ele diz que a personalidade humana é como uma charrete com dois cavalos teimosos, cada qual querendo seguir numa direção diferente. Ou às vezes temos até de acabar nos juntando a santo Agostinho quando ele afirma, em suas Confissões: ‘Senhor, dai-me a castidade, mas não ainda’. Acabamos proclamando juntamente com o apóstolo Paulo: ‘Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero’. Ou acabamos tendo de afirmar, juntamente com Goethe, que ‘há em mim matéria-prima suficiente para produzir tanto um cavalheiro quanto um velhaco’. Há uma tensão no coração da natureza humana. E sempre que nos dispomos a sonhar nossos sonhos ou construir nossos templos, devemos ser honestos o bastante para reconhecê-lo.”
Depois que recebeu o Prêmio Nobel da Paz, King passou a entender que sua luta contra a injustiça deveria ser ampliada. A partir de então, passou a lutar não apenas contra a injustiça racial, mas também contra a pobreza e a guerra. Segundo ele, cada uma dessas causas “se interligavam no mesmo envoltório do destino humano”. Mesmo acendendo a ira e críticas de muitos, King foi um forte opositor da guerra do Vietnã:
“Estávamos pegando os jovens negros prejudicados por nossa sociedade e os enviando a um lugar situado a 13 mil quilômetros de distância para garantir liberdades no Sudeste Asiático que eles não tinham no sudoeste da Geórgia ou a leste do Harlem. Assim, temos sido repetidamente confrontados pela cruel ironia de ver rapazes negros e brancos nas telas da TV matando e morrendo juntos por uma nação que tem sido incapaz de fazer com que se sentem juntos nas mesmas escolas. E assim os vemos exibindo uma solidariedade brutal ao queimarem as cabanas de uma aldeia pobre, mas percebemos que dificilmente morariam no mesmo quarteirão em Chicago. Eu não poderia silenciar em face dessa manipulação cruel dos pobres…”.
“A guerra não é a resposta. O comunismo não será derrotado com bombas atômicas ou armas nucleares. […] Não nos aliemos a um anticomunismo negativo, mas a uma crença positiva na democracia, percebendo que a nossa melhor defesa contra o comunismo é assumir uma postura ofensiva em nome da justiça. Com uma ação positiva, buscaremos acabar com as condições de pobreza, insegurança e injustiça que são o solo fértil no qual a semente do comunismo germina e floresce.”
Assim sendo, King lançou outras campanhas em outros estados tendo como alvo essas “novas causas”. Em 1966, por exemplo, lançou uma campanha em Chicago, lutando por moradia a negros.
Em 1968, enquanto estava em Memphis, Tennesse, para apoiar a causa de coletores de lixo que estavam em greve por melhores condições de trabalho, Martin Luther King foi brutalmente assassinado com um tiro de rifle disparado pelo supremacista branco James Earl Ray no dia 4 de abril, no hotel Lorraine onde King estava hospedado. Na noite anterior, enquanto proferia seu último discurso intitulado de “Eu estive no topo da montanha”, no templo Bispo Charles Mason, chegou a dizer algo tão emblemático que, olhando em retrospectiva, parecia um prenúncio de sua morte:
“Eu estive no topo da montanha. E não me importo. Como qualquer pessoa, gostaria de viver uma vida longa. A longevidade tem o seu lugar. Mas não me preocupo com isso agora. Apenas desejo obedecer aos desígnios de Deus. E Ele me levou ao topo da montanha, olhei ao redor e contemplei a Terra Prometida. Posso não alcançá-la, mas quero que saibam, que nós, como povo, chegaremos à Terra Prometida. Estou tão feliz; não me preocupo com nada; não temo homem algum. Meus olhos viram a glória da presença do Senhor.”
Martin Luther King basicamente fundamentou sua luta contra a segregação racial na doutrina da imago Dei, nos profetas do Antigo Testamento e no Deus que libertou seu povo da escravidão do Egito, levando-o à Terra Prometida. Com isso, podemos aprender que os textos bíblicos, embora devam ser lidos em seu devido contexto, nos oferecem aplicações diversas, às mais variadas necessidades humanas.
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